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Débora Schneider
Psicóloga (CRP 07/12539), especialista em
Psicologia na Educação e em Psicologia Clínica e Institucional, esquizoanalista
e coordenadora do Espaço Vida em Movimento
O que fazer para ser
FELIZ? O que não fazer para ser FELIZ? Onde anda essa tal felicidade? Como
construir isso? Como ser feliz vivendo em uma sociedade que é marcada pela
falta, pela insatisfação, pelas incertezas político, financeira e social? Como
não ser capturado por essa lógica que “tempo é dinheiro”?
Felicidade
ou infelicidade não é um acidente (exceto da doença: depressão). Felicidade é
uma escolha: o que eu quero? De quais pessoas vou me afastar e de quais vou me
aproximar? Quais coisas quero deixar e quais quero intensificar? O que quero
para os próximos anos? Não
existe receita! Como saber se estamos felizes?
Tudo o que precisamos
decidir, gera angústia. Toda escolha implica perda! Implica sair da zona de
conforto, pois é preciso abrir mão de algo. Há alguns anos tínhamos 4 canais de
TV para escolher o que iríamos assistir. Hoje temos mais de 50, Netflix e
achamos pouco. Ficamos inquietos e insatisfeitos sem saber qual programa
queremos assistir e achamos poucas opções.
Existe um custo sair
da zona de conforto. Em crise, saio da inércia. É a ferida narcísica que me faz
movimentar. Mudar é muito difícil! Não mudar é fatal! Mas mudar o que e para
que?
A ambivalência da
vida e a felicidade.
Bauman traz dois
valores essências e indispensáveis para uma vida FELIZ: SEGURANÇA e LIBERDADE!
Ele afirma: você não consegue ter felicidade sem um dos dois! Mas como achar o
equilíbrio entre os dois? Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem
segurança é um caos.
Esse equilíbrio é um
desafio constante do viver, pois cada vez que você ganha mais segurança, você
entrega um pouco de liberdade. Cada vez que você ganha mais liberdade, você
entrega um pouco de segurança. Conclusão: sempre que temos uma entregamos um
pouco da outra! E que você nunca parará de procurar o lugar onde esses dois
estarão equilibrados!
Há muitas formas de
ser feliz! No livro “A arte da vida”, ele cita dois fatores independentes que
constituem a vida humana: o DESTINO, que é o apelido que ele dá para as coisas
que não temos nenhuma influência! É o que acontece conosco e que não foi
causado por nós! Outro, o CARÁTER: algo que podemos mudar, aperfeiçoar; boa
parte está sob o seu controle!
Vamos pensar um pouco
na divisão entre destino e caráter: se nós tivéssemos nascido 20 anos antes do
que nascemos, nossas opções seriam diferentes; se tivéssemos nascido em uma
favela, nossas opções seriam diferentes; se tivéssemos nascido num bairro muito
rico, e por aí vai. Sempre há uma gama de opções provocadas pelo “destino”.
Porém, as escolhas são feitas pelo caráter, e como as pessoas são muito
diferentes, não dá para ter uma receita para a felicidade!
A FELICIDADE É
INDIVIDUAL!
Bauman nos provoca:
qual a relação entre consumo e felicidade? Se a felicidade é individual, como
ser feliz numa sociedade capitalista, onde os padrões são impostos? Onde ditam
nossos desejos? Para ele os ideais de consumo e vida feliz no mundo capitalista
trazem a “insolúvel contradição interna de uma sociedade que estabelece para
todos os membros um padrão de felicidade que a maioria destes ‘todos’ é incapaz
de alcançar”.
Refletirmos sobre os
valores que adotamos e escolhermos de fato o que é importante para nós é
fundamental para a Felicidade!