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Muito tem se falado no termo homossexualidade e
penso que ainda vai muito além. Ouvimos opiniões de todos os lados. Para quem
ainda não concorda com a homossexualidade, encontrará na História informações
que possam contribuir para emitir uma opinião sobre o assunto.
A união civil entre pessoas do mesmo sexo pode
parecer algo bastante recente, coisa de gente moderna. Apenas em 1989, a
Dinamarca abraçou a causa, se tornando o primeiro país a fazer isso. Hoje, o
casamento entre pessoas do mesmo sexo está amparado na lei de 21 nações. Isto,
porém, de novidade não tem nada. Sua história retoma um tempo em que não havia
necessidade de distinguir o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Para os
povos antigos, o conceito de homossexualidade simplesmente não existia.
A homossexualidade masculina - Na Grécia e na Roma da Antiguidade, era
absolutamente normal um homem mais velho ter relações sexuais com um mais
jovem. O sexo heterossexual, por sua vez, servia apenas para procriar. Em 1750
a.C. o Código de Hammurabi, lei das mais antigas do mundo, chegou a reconhecer
a união entre pessoas do mesmo sexo. E já se passaram mais de 3 mil anos.
Para a educação dos jovens atenienses, esperava-se
que os adolescentes aceitassem a amizade e os laços de amor com homens mais velhos,
para absorver suas virtudes e seus conhecimentos de Filosofia. Após os 12 anos,
até aos 18, os garotos transformavam-se em parceiros passivos com a aprovação
de sua família. Aos 25 anos, tornavam-se homens e aí esperava-se que assumissem
o papel ativo.
Boa parte do modo como os povos da Antiguidade
encaravam o amor entre pessoas do mesmo sexo pode ser explicada ou, ao menos
entendida, se levarmos em conta suas crenças. Na mitologia grega, romana ou
entre os deuses hindus e babilônios, por exemplo, a homossexualidade existia.
Tanto que muitos deuses antigos não têm sexo definido.
Isso começou a mudar com o advento do
cristianismo. Sexo para procriar. O judaísmo já pregava que as relações sexuais
tinham como único fim a máxima exigida por Deus: “Crescei e multiplicai-vos”.
Até o início do século 4, essa ideia, porém, ficou restrita à comunidade
judaica e aos poucos cristãos que existiam. Nessa época, o imperador romano
Constantino converteu-se à fé cristã e, na sequência, o cristianismo tornou-se
o maior império do mundo. Como o sexo passou a ser encarado apenas como forma
de gerar filhos, a homossexualidade virou algo antinatural. Data de 390, do
reinado de Teodósio, o Grande, o primeiro registro de um castigo corporal
aplicado em gays.
Homossexualidade feminina - Sobre homossexualidade feminina, no mesmo
período não há registros concretos, pois o que existe de fato são suposições de
que possa ter existido uma relação amorosa entre mulheres, objetivando a
formação educacional das jovens. Estes registros são referidos através de
poesias de Safo de Lesbos, que ressoa entre as maiores personalidades femininas
da Antiguidade grega. Suas poesias representam os primeiros registros acerca de
hipóteses em torno das práticas sexuais entre mulheres ao longo da História.
Ela nos permite vislumbrar os elementos que superam a historiografia
tradicional e os limites que caracterizaram o modelo ideal feminino no contexto
da cultura arcaica.
Entretanto, se confirmados, não existem
informações se estes contatos se restringiam exclusivamente à relação
mestra-discípula ou se ainda poderia existir uma relação entre adultas, ou
entre as próprias jovens, e por fim, em que período se estabelecia o término
destas relações, se é que existiam entre elas um prazo para o encerramento do
período educativo assim como entre os homens. Seus cantos explicitam apenas
possíveis relações entre mestra e discípula.
Podemos nos remeter também para o que poderíamos
chamar de bissexualidade em Safo. Em alguns casos, a poetisa se refere a homens
em seus cantos, atribuindo-lhes características semelhantes às que dirige às
garotas de Lesbos, embora estes representem casos mais raros em sua obra, além
de não estarem ligados ao projeto educacional da escritora.
Feito esta contextualização, esperamos contribuir
para um entendimento de como o assunto era tratado em ambiente e período
distinto de nossa época. Para reflexão e para colocar em pauta esta temática
também a ser debatida em família.
Algo que vai além de outro viés desta temática, a escolha e a natureza. Reforçamos aqui nosso papel de colocar em debate assuntos como este e outros - a morte, por exemplo, e o luto. Mas, isso, fica para outra oportunidade.
Wilson Corrêa
Vieira
Psicólogo - CRP 07/25933