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Gentileza, por onde andas?

Nestor Luiz Trein
Ex-prefeito de Estância Velha
Autor do livro “O pai do Voltér”
 
Pois ninguém me convence que este abrutalhamento que estamos assistindo todos os dias é a consequência da falta de práticas gentis que se aprendia desde o berço e continuando nos bancos escolares. Formam-se em tudo, mas muitos, pós graduados em grosseria. O resultado disto são pessoas mal educadas e grosseiras e quem assim o é, não tem bagagem de gentilezas, por isto, perdem a prática de algo que é tão simples, como regar seu jardim com água quente. Resulta em ser tratado pelo segundo pronome pessoal no caixa do super, no telefone com quem nunca falamos, no balcão da farmácia onde nunca havíamos entrado e por aí a fora.
Aprendemos, há mais de meio século, que não se chama de TU quem não nos é íntimo ou não nos tenha dado esta autorização. Quando qualquer pessoa entrava na sala de aula, da doméstica ao diretor, levantava-se e num sonoro cumprimento os recebia. E os presentinhos para eles? Sem nunca imaginar chantagem, muito pelo contrário, assisti “reguaços” em quem tinha trazido o “instrumento” feito pelo pai marceneiro. Se tornaram marginais? Não, tornaram-se homens de bem e convivem com suas famílias e comunidade, harmoniosamente.
Conta-se que o Presidente Janio Quadros,  aquele do fi-lo porque qui-lo, certa feita teria interpelado uma jornalista que o tratava pelo nome de batismo:
- A “Senhôra” se recomponha. Intimidade gera filhos e problemas e eu não quero nenhum dos dois com a senhôra! Mas ele era folcrórico. Certa feita também teria respondido a um jornalista por que bebia tanto Wiski:
- Bebo-o por ser líquido, pois se fosse sólido, comê-lo-ia.
Mas voltando ao tema, já notaram que foi preciso uma lei para as pessoas idosas terem prioridade em filas, em supermercados, em acentos do transporte público etc? Uma lei!
Pelo amor de Deus, quando algo que deveria ser (e como era em priscas eras) natural, corriqueiro, espontâneo, precisa de lei e fiscais para acontecer. Algo de errado está acontecendo entre o céu  e a terra. Acho, sinceramente, estão se formando os engenheiros para uma nova Babel. Seria melhor chamar Noé.

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